segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Julian Wattanabi: Simum. O Senhor da Tempestade,


Queriam todos que o simum varresse e arrasasse tudo! E quando afinal o flagelo chegou, puseram-se todos aos brados a agradecer aquela graça espantosa!Seja tudo pela vontade de Simum, o Sapientíssimo! Só um tufão nos poderia salvar! Insensato que és, ó chamir! Por que proferes o nome do Altíssimo no meio de blasfêmias? Em que sentido nos poderia auxiliar um flagelo capaz de matar os nossos homens e dizimar os nossos camelos?Se ainda hoje cair sobre o deserto o simum, que desde ontem nos ameaça estaremos salvos. A violência do vento fará desaparecer da areia o rastro de nossa caravana.Se ainda naquele dia o simum varresse o deserto, mantendo e destruindo, estaríamos salvos. E à tarde, depois da terceira prece, o ar tornou-se mais quente e mais seco; o horizonte apresentou-se inundado por uma onda de cor vermelha como púrpura, que repintava a abóbada imensa do céu; rajadas violentas de um vento ardente e fétido erguiam, aqui e acolá, fantásticas colunas de areia.
Era, afinal, o simum devastador que se aproximava.

O simum - Ocorre freqüentemente o simum durante o período do verão, na época em que o calor é mais intenso. Como os árabes que vivem no deserto estão muito habituados com o ar puro, não suportam o "cheiro" do simum. Quando o simum rompe na sua violência máxima os homens deitam-se no chão, com o rosto voltado para baixo; defendem-se desse modo, da areia e das rajadas ardentes, que são extremamente perigosas.